sexta-feira, 18 de abril de 2008

Teatrinhos

Como consequência da profissão, ando há mais de 20 anos a assistir periódicamente a congressos, apresentações, "days" de isto e daquilo, enfim, a levar secas em salas de hotel.
E já apanhei , obviamente, de tudo.
Hóteis bons e maus, oradores com estilo e sem ele , coffee breaks que mais parecem almoços e outros com duas variedades de água: natural e fresca ...
Mas o mais engraçado é constatar que nestes 20 anos muito pouca coisa mudou .
Os oradores , na maioria das vezes não percebem nada daquilo que estão a apresentar, foram "cravados" pela sua empresa para o fazerem e tentam disfarçar a "ignorância", as duas noites em claro, a falta de ar e a dor de barriga, rezam a todos os santinhos para que ninguém faça perguntas e só esperam que tudo aquilo acabe depressa ...
A audiência, na sua esmagadora maioria ,foi "cravada" pela sua empresa para ali estar, não faz a mínima ideia do que vai ser apresentado, está-se nas tintas para o tema, senta-se o mais atrás possível, tenta disfarçar o tédio, espera apenas que ninguém faça perguntas que só servem para atrasar, e só reza para que tudo aquilo acabe depressa...
Depois, tenta-se gerir esta farsa de várias maneiras: almoços de borla, para atrair as inscrições, pastas cheias de bugigangas que só são dadas no fim e a troco do preenchimento de folhas de avaliação do evento... enfim, técnicas com mais de 500 anos aplicadas agora aos indígenas da cidade grande ...
Acaba por ser básicamente uma "feira de vaidades" em que uns querem mostrar que fazem "coisas" e outros que são suficentemente importantes para serem convidados a assistir.
E cada vez mais vivemos (ou fingimos que vivemos) disto.

2 comentários:

fantasma disse...

Como toda gente quer é que acabe depressa, podiam levar aquilo mais "lightly" :)

Cenoura disse...

Daí a expressão: "É p'a inglês ver"...
;)