O meu Natal

Apesar de não gostar particularmente da quadra, este ano evitei manifestar-me. Basicamente, porque não adianta.
Não sendo católico não valorizo o lado religioso da época.
Sendo as minhas raízes Lisboetas até pelo menos aos bisavós, quer maternos quer paternos, não tenho "terra" para onde ir, nem de que tenha saudades ou de que tenha herdado tradições.
Da família... bom...gosto das pessoas que gosto, detesto as que detesto, nutro indiferença pelas que me apetece. Vivo bem com isso, vejo os que quero sempre que quero, e os outros dispenso bem.
Não sendo apreciador de doces, acho um desperdício a massa e tempo gastos a fazer filhoses, azevias, sonhos, fatias douradas e por aí fora. Era tão melhor converter  toda aquela azáfama em croquetes, rissóis e pastéis de massa tenra!
Também não consigo achar piada nenhuma a cabritos&perus no forno, e bacalhau cozido é prato de que gosto bastante mas a que não atribuo estatuto festivo, por isso nem com os salgados me safo...
Depois, claro, a vertente comercial que de tudo se apodera, e do Natal por maioria de razão, começando a incentivar o consumo cada vez mais cedo (acho que este ano foi prái em Outubro!). O que sei é que quando chego a Dezembro, já só me apetece hibernar!
Não fosse a P. que gosta verdadeiramente da quadra e vive tudo isto com muita intensidade e prazer, e o que eu faria seria  qualquer coisa assim:
Dia 24, jantar com as pessoas que mais gosto. Vinte no máximo. Algumas seriam seguramente da família.
Um bacalhau à Braz ou uns pastéis de bacalhau, talvez uma raclette. De sobremesa, farófias, arroz doce e pastéis de Belém ( um doce típico da minha terra! :p )
Nem árvores nem prendas. Conversa  pela noite fora.
Dia 25 só os de casa. Presentes pela manhã, claro. Pijama todo o dia.
Pequeno almoço tardio e prolongado, lareira acesa, tarde de sorna, um filme e jantar "na zona" das sobras da véspera, salsichas com ovos estrelados e batatas fritas, arroz de manteiga e fiambre... enfim, qualquer coisa! :)
Pouparia imenso tempo, a economia familiar ficaria seguramente muito mais saudável assim como a minha sanidade mental, mas acima de tudo, eu acharia piada, teria prazer. Assim não...